A Petrobras anunciou nesta segunda-feira, 9, um aumento de 8,87% no preço do diesel nas refinarias, de R$ 4,51 para R$ 4,91 a partir de terça, 10. Segundo a companhia, os preços de gasolina e do GLP permanecerão inalterados. A companhia justificou o aumento ressaltando que o último reajuste ocorreu há dois meses, em 11 de março, quando “refletia apenas parte da elevação observada nos preços de mercado”. “Esta decisão observou tanto o desalinhamento nos preços quanto a elevada volatilidade no mercado”, afirmou a empresa, em nota. “Desde aquela data, a Petrobras manteve os seus preços de diesel e gasolina inalterados e reduziu os preços de GLP, observando a dinâmica de mercado de cada produto”, completou. A petroleira aponta que, no momento, há uma redução na oferta de diesel, que pressiona os preços globalmente. “Os estoques globais estão reduzidos e abaixo das mínimas sazonais dos últimos cinco anos nas principais regiões supridoras. Esse desequilíbrio resultou na elevação dos preços de diesel no mundo inteiro, com a valorização deste combustível muito acima da valorização do petróleo. A diferença entre o preço do diesel e o preço do petróleo nunca esteve tão alta”, frisou. As refinarias da petroleira operavam com utilização de 93% da capacidade instalada no início de maio, “considerando as condições adequadas de segurança e de rentabilidade”, ou seja, perto do nível máximo, mas ainda aquém da demanda doméstica. “Dessa forma, cerca de 30% do consumo brasileiro de diesel é atendido por outros refinadores ou importadores. Isso significa que o equilíbrio de preços com o mercado é condição necessária para o adequado suprimento de toda a demanda, de forma natural, por muitos fornecedores que asseguram o abastecimento adequado”, argumentou a Petrobras. Na nota, a Petrobras informou ainda que “reitera seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado, acompanhando as variações para cima e para baixo, ao mesmo tempo em que evita o repasse imediato para os preços internos da volatilidade, ou seja, evita o repasse das variações temporárias que podem ser revertidas no curto prazo”. A empresa citou como exemplo variações apenas circunstanciais nos preços do petróleo e na taxa de câmbio. O comunicado lembra ainda que a política de reajustes “está em conformidade com os parâmetros legais e o ambiente de livre competição que vigora no Brasil há mais de vinte anos, de acordo com a Lei 9478/97 (Lei do Petróleo)”. “Considerando a mistura obrigatória de 90% de diesel A e 10% de biodiesel para a composição do diesel comercializado nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 4,06, em média, para R$ 4,42 a cada litro vendido na bomba. Uma variação de R$ 0,36 por litro. Com esse movimento, a Petrobras segue outros fornecedores de combustíveis no Brasil que já promoveram ajustes nos seus preços de venda acompanhando os preços de mercado”, informou. Bolsonaro Na quinta-feira, 5, o presidente Jair Bolsonaro, mandou recados explícitos para José Mauro Coelho, novo presidente da Petrobras, como fazia com seus antecessores dias antes dos aumentos dos combustíveis. "O lucro de vocês é um estupro, é um absurdo. Vocês não podem mais aumentar mais os preços dos combustíveis!", disse o presidente durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais. Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) na semana passada, para equiparar os preços com o mercado internacional a estatal teria que ter elevado o preço do litro do diesel em R$ 1,27.
Fonte: Mônica Ciarelli e Daniela Amorim, O Estado de S.Paulo