O comando da Polícia Federal divulgou nota à imprensa em que responde as declarações do pré-candidato a presidente Sergio Moro (Podemos) dadas durante uma entrevista ao programa
Pânico, da rádio
Jovem Pan. O comunicado sustenta que o ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro mente ao dizer que "hoje não tem ninguém no Brasil sendo investigado e preso por grande corrupção". A nota informa que a Polícia Federal fez mais de mil prisões nos últimos três anos apenas por crimes relacionados à prática de corrupção. "Neste mesmo período, a PF realizou 1.728 operações contra esse tipo de crime. Somente em 2020, foram deflagradas 654 ações — maior índice dos últimos quatro anos", diz trecho do texto. O comunicado também diz que o "ex-juiz confunde, de forma deliberada, as funções da PF. "O papel da corporação não é produzir espetáculos. O dever da Polícia é conduzir investigações, desconectadas de interesses político-partidários." "Moro desconhece a Polícia Federal e negou conhecê-la quando teve a chance. Enquanto ministro da Justiça não participou dos principais debates que envolviam assuntos de interesse da PF e de seus servidores." Ironicamente foi uma disputa por influência na Polícia Federal que culminou na saída do ex-juiz do consórcio da "lava jato" do governo Bolsonaro. Na época, ele acusou o presidente de pressionar para trocar o comando da PF com o objetivo de ter acesso a informações de inquéritos sobre a sua família. Bolsonaro desmentiu e em janeiro desde ano, por decisão do ministro Alexandre de Moraes, o
inquérito que apura a suposta interferência do presidente na Polícia Federal foi prorrogado por mais 90 dias.
Leia abaixo a nota na íntegra: Em entrevista na segunda-feira (14/02) à Jovem Pan, o ex-ministro Sergio Moro fez descabidos ataques à Polícia Federal. A bem da verdade, consideramos importante esclarecer: Moro mente quando diz que "hoje não tem ninguém no Brasil sendo investigado e preso por grande corrupção". A Polícia Federal efetuou mais de mil prisões, apenas por crimes de corrupção, nos últimos três anos. Neste mesmo período, a PF realizou 1.728 operações contra esse tipo de crime. Somente em 2020, foram deflagradas 654 ações — maior índice dos últimos quatro anos. Moro também faz ilações ao afirmar que "esse é o resultado de quantos superintendentes eles afastaram e que estavam fazendo o trabalho deles". O ex-ministro não aponta qual fato ou crime tenha conhecimento e que a PF estaria se omitindo a investigar. Tampouco qual inquérito policial em andamento tenha sido alvo de ingerência política ou da administração. Vale ressaltar que a Polícia Federal vai muito além da repressão aos crimes de corrupção. Em 2021, bateu recorde de operações. No total, foram quase dez mil ações, aumento de 34% em relação ao ano anterior. O ex-juiz confunde, de forma deliberada, as funções da PF. O papel da corporação não é produzir espetáculos. O dever da Polícia é conduzir investigações, desconectadas de interesses político-partidários. Moro desconhece a Polícia Federal e negou conhecê-la quando teve a chance. Enquanto ministro da Justiça não participou dos principais debates que envolviam assuntos de interesse da PF e de seus servidores. Com o intuito de preservar a imagem de umas das mais respeitadas e confiáveis instituições brasileiras, a Polícia Federal repudia a afirmação feita pelo pré-candidato Moro de que a corporação não tem autonomia. Por fim, a PF — instituição de Estado — mantém-se firme no combate ao crime organizado, à corrupção e não deve ser usada como trampolim para projetos eleitorais.