Conforme a Súmula 606 do Supremo Tribunal Federal, é inadmissível a impetração de
"writ" contra ato de ministro relator, de turma ou do próprio tribunal pleno. Esse foi o fundamento adotado pelo ministro Nunes Marques para negar pedido de arquivamento do ex-procurador Geral da República Rodrigo Janot de inquérito que apura um suposto plano dele para assassinar a tiros o ministro Gilmar Mendes. O impulso homicida contra o atual decano do Supremo veio a público pelo próprio Janot, que relatou o episódio durante entrevistas concedidas no lançamento de seu livro de memórias "Nada Menos que Tudo". O lavajatista alegou que a "mão de Deus" o impediu de assassinar o ministro. "Não ia ser ameaça não. Ia ser assassinato mesmo. Ia matar ele [Gilmar] e depois me suicidar", disse. No pedido de arquivamento, a defesa de Janot sustenta que, com a revogação da Lei de Segurança Nacional, ficou extinta a possibilidade de punição pelos crimes pelos quais ele é acusado. A defesa também questiona a duração da investigação minimizando o ocorrido a apenas uma "ideia que por poucos segundos percorreu o pensamento". A ideia de assassinar Gilmar Mendes teria sido motivada por comentário do ministro sobre a atuação da filha de Janot na defesa da empreiteira OAS, investigada pela "lava jato". Na época da revelação, Gilmar lamentou o ocorrido. "Se a divergência com um ministro do Supremo o expôs a tais tentações tresloucadas, imagino como conduziu ações penais de pessoas que ministros do Supremo não eram. Afinal, certamente não tem medo de assassinar reputações quem confessa a intenção de assassinar um membro da Corte Constitucional do País. Recomendo que procure ajuda psiquiátrica", pontuou em nota na época. Apesar da intensa cobertura jornalística provocada pela revelação do intento homicida do ex-PGR contra um ministro, o livro de memórias de Janot não despertou grande interesse do público. Informação divulgada pela
coluna Radar, da revista
Veja em setembro de 2020 — um ano após as declarações —, dão conta de que a publicação teve 18 mil exemplares vendidos. Durante o
lançamento da obra em São Paulo, Janot vendeu apenas 43 livros.
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