Sugestão é que a Universidade Federal de Rondônia adote bônus estadual na seleção de medicina
O Ministério Público Federal (MPF) recomendou à Universidade Federal de Rondônia (Unir) que, no prazo de 60 dias, realize estudos para estimular a entrada de rondonienses no curso de medicina da universidade.
Segundo o MPF, das quase 120 vagas disponibilizadas para o curso de medicina da Unir nos últimos três anos, apenas 35 foram ocupadas por moradores de Rondônia.
Levando em conta essa possível desproporcionalidade na concorrência entre estados, o órgão sugere que a Unir adote uma "bonificação" para moradores locais "de forma que haveria um acréscimo às notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)", diz o MPF.
"Com as notas do Enem, estudantes [de todo o Brasil] podem concorrer a vagas em localidades menores, como Rondônia, e muitos retornam a seus estados de origem logo após se formarem, fazendo com que a região não se beneficie tanto quanto poderia daquele conhecimento gerado na universidade", argumenta o MPF.
A tabela abaixo mostra essa possível desproporcionalidade na concorrência, segundo o MPF:
Entrada de alunos no curso de medicina da Unir
2018 | 2019 | 2020 | |
Inscritos de Rondônia | 1.086 | 1.480 | 1.633 |
Inscritos de outros estados | 2.259 | 3.445 | 4.329 |
Matriculados de Rondônia | 11 | 11 | 13 |
Matriculados de outros estados | 29 | 29 | 26 |
Ficou estabelecido o prazo de 20 dias para que a Unir informe se vai, ou não, acatar a recomendação.
Critérios para o benefício
- Candidatos que comprovadamente residam em Rondônia
- Que tenham estudado em escolas públicas durante o Ensino Médio, ou Educação de Jovens e Adultos (EJA) ou possuam certificação do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) em Rondônia.
O que diz a Unir?
"Diante dos resultados deste estudo, uma proposta deve ser elaborada para atualizar os critérios do Processo Seletivo anual realizado pela Unir. Esta proposta será encaminhada para análise e aprovação dos representantes da comunidade universitária, nos Conselhos Superiores Universitários, que deverão decidir pela adoção ou não da bonificação", consta na nota.
A Universidade disse ainda que busca constantemente meios de ampliar o acesso aos seus cursos, "de modo a ter cada vez maior e mais positivo impacto na sociedade rondoniense".