A Polícia Civil, através da Delegacia de Homicídios, concluiu o inquérito sobre uma disputa de racha que terminou com a morte de um ciclista de 22 anos no Espaço Alternativo de Porto Velho. Ao todo, três pessoas foram indiciadas, entre elas um parente do condutor do Corolla que teria chamado o outro motorista envolvido para a disputa.
As informações apuradas na investigação foram divulgadas em entrevista coletiva, concedida nesta quarta-feira (5), pelo delegado Sandro Moura, da Delegacia de Crimes Contra a Vida.
A equipe da delegacia descobriu durante as investigações que o suspeito de 18 anos, condutor do Corolla, ganhou o veículo de um parente no aniversário. Por esse motivo, o familiar foi indiciado por entregar o veículo ao rapaz sem habilitação. A identidade dos dois não foi revelada.
"Os pais parecem que querem deixar de ser pais, como se tivessem um fardo nas costas, quando o filho completa 18 anos. Mas não é bem assim e isso está evidenciado nesse caso. Porque ascendentes deram de presente de aniversário um Corolla nos 18 anos. Resultado: quem deu está respondendo junto com ele. Também foi indiciado", explicou Moura.
O motorista de 18 anos deve responder por dirigir veículo sem habilitação e participação no homicídio do ciclista Thiago da Silva Santos.
Um motorista que estava na via no momento do acidente contou à polícia ter sido chamado pelo suspeito de 18 anos para disputar o racha, mas recusou. Mas logo à frente, Gabriel Vilela Dantas Lima Pinto, de 24 anos, teria aceitado a proposta.
O motorista de aplicativo Gabriel, condutor do veículo Chevrolet Onix — que atingiu Thiago —, foi indiciado por homicídio qualificado, por perigo comum e recurso que dificultou a defesa da vítima.
"Pra quem age dessa forma num local que é sabidamente movimentado daquele jeito, naquele horário, me parece que o resultado lhe é indiferente do que está fazendo", afirmou o delegado.
Com o inquérito concluído e entregue à Justiça, nos próximos dias o Ministério Público deve decidir se apresenta denúncia contra os envolvidos.
"Foi o entendimento da Polícia Civil. O lugar [Espaço Alternativo] é do povo, quem frequenta é o povo, então nada melhor que o Tribunal do Júri, que é o povo quem julga", disse Sandro Moura.
Durante a entrevista, o delegado destacou também o prejuízo social com a morte de Thiago. Isso porque a vítima estava prestes a ter a carteira assinada como pedreiro e era o responsável por cuidar do pai, que teve AVC e usa cadeira de rodas.
Sandro Moura reforçou que o objetivo das eventuais punições aos indiciados é cumprir "cunho pedagógico", ou seja, servir de exemplo para a sociedade.
Gabriel Vilela foi preso em flagrante logo após o crime e segue preso preventivamente. Os outros dois indiciados respondem em liberdade.
O G1 entrou em contato com a defesa de Gabriel Vilela e aguarda posicionamento.
Caso
Ciclista morre atropelado no Espaço Alternativo na capital
Thiago da Silva Santos foi atropelado na noite do dia 24 de julho enquanto andava de bicicleta com um amigo. No momento do acidente, o jovem ia em direção à residência onde morava, no bairro Jardim Santana.
Conforme o boletim de ocorrência, o jovem ainda sinalizou para atravessar, mas foi atingido na faixa de pedestres pelo carro em alta velocidade.
Segundo testemunhas, com o impacto da colisão, o ciclista foi arremessado a uma distância de 30 metros. A bicicleta do jovem ficou destruída.
Cinco dias depois do atropelamento, o motorista de 18 anos se apresentou na Delegacia de Homicídios acompanhado de um advogado. Ele foi ouvido e em seguida liberado. O carro usado no acidente ficou apreendido.
Thiago da Silva Santos tinha 22 anos e morreu atropelado durante racha em Porto Velho na sexta-feira (24). — Foto: Reprodução/Instagram