Pesquisa
DataPoder360 mostra que passaram de 37% para 43% os eleitores que acham bom para o Brasil que militares participem do governo e da política em geral. O grupo que avalia ser ruim oscilou dentro da margem de erro de 2 pontos percentuais: passou de 37% para 35%. Em maio havia
empate entre os que diziam ser bom e os que afirmavam ser ruim.
A pesquisa foi realizada de 20 a 22 de julho de 2020 pelo
DataPoder360,
divisão de estudos estatísticos do
Poder360, por meio de ligações para celulares e telefones fixos. Foram 2.500 entrevistas em 560 municípios, nas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.
Conheça a metodologia lendo este texto. O governo
Jair Bolsonaro tem 11 ministros com histórico militar, além do vice-presidente, general
Hamilton Mourão. São ministros 8 vindos do Exército, 1 da Marinha, 1 da Força Aérea e 1 da Polícia Militar. O próprio Bolsonaro tem histórico nos quartéis. Diversos apoiadores o chamam pelo nível hierárquico que ocupou no Exército: capitão.
Quando deputado, Bolsonaro defendia interesses de militares (principalmente policiais). Candidato em 2018, associou-se à farda e manteve-se próximo depois de
eleito. A associação foi positiva para Bolsonaro porque as Forças Armadas reconstruíram sua imagem depois de a redemocratização do país. Quando acabou a ditadura, em 1985, essas instituições estavam desgastadas perante a opinião pública. Estiveram por 21 anos à frente de 1 governo autoritário e que, na fase final, teve alta inflação. Parte da população, porém, é
saudosa do período. Manifestações de apoiadores do presidente chegaram a pedir 1 novo AI-5 (Ato Institucional nº 5). Editado em 1968, marcou o recrudescimento da ditadura. Parte do eleitorado de Bolsonaro entende que Judiciário e Legislativo não o deixam governar, e que uma saída autoritária resolveria o problema. O próprio presidente chegou a
discursar em ato. Recentemente, porém, seu atrito com os outros Poderes diminuiu. A fatia dos que acham ser boa para o Brasil a participação de militares no governo e na política é maior (82%) no grupo que julga o
trabalho de Bolsonaro como “ótimo” ou “bom”. Entre os que dão avaliação negativa ao trabalho do presidente, 62% dizem ser ruim a participação de militares na política.
Os ministros são mais visíveis, mas estão longe de serem os únicos militares trabalhando para o governo. Em junho o
Poder360 revelou que
2.930 militares da ativa ocupavam cargos nos Três Poderes. Do total, 92,6% estavam no Executivo.
O presidente da Câmara,
Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse na última semana que o Congresso deverá
discutir uma PEC (proposta de emenda à Constituição) que evite a ida de militares da ativa para funções gratificadas no Executivo.
“Quem quiser vir no futuro para o governo das Forças Armadas, venha. Mas vai precisar, sem dúvida nenhuma, automaticamente caminhar para a reserva”, afirmou. Ele disse que é importante ser uma discussão para o futuro para não ser algo contra os militares que ocupam cargos atualmente. O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes chegou a dizer que o Exército estava se associando a 1
“genocídio“. Ele se refere ao fato Bolsonaro não indicar 1 ministro da Saúde definitivo durante a pandemia e deixar à frente da pasta 1 general,
Eduardo Pazuello.
POR SEGMENTO
A parcela que acha bom para o Brasil ter militares participando do governo e da política é maior entre homens (51%) que mulheres (36%). Entre elas 39% dizem ser ruim, parte que entre eles é de 31%.
Os dados também mostram que a simpatia pela participação de militares na política é maior nas faixas etárias mais jovens. Uma das hipóteses para explicar esse fenômeno é que quem nasceu depois de 1985 não viveu sob a ditadura. Também é uma faixa etária mais ligada a redes sociais, ambiente em que o bolsonarismo transita com desenvoltura. Na faixa etária de 16 a 24 anos, 54% acham bom para o Brasil ter militares no governo e na política. De 25 a 44 anos essa parcela é de 43%. No grupo de 45 a 59 anos, 41%. Entre quem tem 60 anos ou mais, 39% acham positiva a presença dos fardados na arena política. A avaliação positiva sobre a participação dos militares é maior no grupo que tem ensino médio (51%) e menor na parcela que estudou até o ensino superior (27%). Quem tem instrução fundamental em 42% dos casos afirmou ser boa a participação dos militares na política. O apoio à presença dos fardados no governo é maior, disparadamente, na região Sul (67%). Nos 3 Estados da região Bolsonaro teria sido eleito no
1º turno nas eleições de 2018. No
2º turno o desempenho também foi muito acima do concorrente,
Fernando Haddad (PT). O apoio à presença de militares no governo é menor no Nordeste (34%). A região é onde Bolsonaro encontra maior resistência. A simpatia à participação dos militares no governo e na política diminui nas faixas mais bem remuneradas da população. Cai de 49% entre os que estão sem renda para 39% nas faixas que recebem mais de 5 salários mínimos.
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