Poder em Foco: Fábio Faria
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R$ 320 MILHÕES PARA IMAGEM NO EXTERIOR
O ministro também diz que é preciso “mostrar no exterior” que o Brasil “cumpre rigorosamente a lei e que não aceita desmatamento ilegal”. Para isso, afirma que espera que o Ministério da Economia libere a edição de uma medida provisória para destinar em torno de R$ 320 milhões em publicidade interna e externa, até o final deste ano de 2020. O objetivo é abordar o tema do meio ambiente –“principalmente na Europa”, diz ele. O que ocorreu, segundo Fábio Faria, é que o governo “perdeu a guerra da mídia” em relação ao desmatamento e às queimadas da Amazônia. Ele também afirma que dados mais positivos devem ser publicados sobre a região nos próximos dias, mas não cita a fonte quais seriam as informações: “Isso aí é guerra de narrativas. Até porque, não posso adiantar, mas vou aqui sinalizar, a curva mudou muito em relação ao desmatamento, queimadas… Nesses próximos dias, eu acredito que seja publicada aí uma curva totalmente diferente do que vinha acontecendo. E isso vai ter uma grande repercussão. Então, isso é uma guerra de narrativas.” O ministro das Comunicações diz ter “certeza” de que o Congresso “vai aprovar rapidamente” a medida para injetar R$ 320 milhões em propaganda. Questionado sobre se o momento de pandemia da covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus) é adequado para gastar em propaganda, ele declara que a verba pode significar a entrada de mais recursos no país. “Às vezes você vai investir, sei lá, R$ 100 [milhões], R$ 200 milhões nesse tema para trazer bilhões e bilhões de dólares para cá. Investimentos… Então, não adianta a gente ter essa discussão cega: ‘Ah, pega esse dinheiro e compra máscaras’. Para o governo não está sobrando, Fernando”, diz o ministro, dirigindo-se ao apresentador. Faria continua: “Tanto é que estamos vendo todos os dias operações e operações por desvios da covid, porque foi dinheiro sobrando. Os Estados e municípios estão com o cofre cheio de dinheiro, porque o governo chegou na ponta da linha. Ninguém pode reclamar que o governo não deu recursos para construir leitos, para comprar respiradores, para comprar máscaras, EPIs. Isso aconteceu. Então, nós temos que falar a verdade com a população, e eu enfrentarei esse debate de maneira clara, transparente. Não pode ter demagogia.”PRIVATIZAÇÕES
Em sua pasta, o ministro tem 3 eventuais privatizações pela frente: Correios, EBC (Empresa Brasil de Comunicação) e Telebras. Segundo o ministro, Os Correios são uma “prioridade do governo” e têm resultado financeiro positivo, o que “provavelmente” atrairá potenciais compradores. A meta é que essa estatal seja privatizada até o final do mandato de Bolsonaro (2022). Sobre a EBC, o ministro diz que a empresa deve ser “otimizada” e ter o “tamanho reduzido”. Assim, poderá funcionar numa lógica de empresa privada e ser preparada para uma eventual venda no futuro. Por ora, diz ele, a EBC depende de contratos com o próprio governo, além de dar prejuízo. No caso da Telebras, não houve discussões sobre privatização, de acordo com Fábio Faria. Ele diz que pretende utilizar essa estatal para ampliar o acesso à internet, principalmente na região Norte. “Nós temos uma sobra [de dinheiro] de quando saiu do analógico para o 4G. Teve 1 recurso em torno de R$ 1,2 bilhão para que nós possamos investir agora. E uma parte desse recurso será destinada para a gente levar fibra ótica para a região Norte, que é a que mais precisa de infraestrutura, a que menos tem acesso à internet. Então, seriam investidos R$ 400 milhões na bacia amazônica para passar milhares de quilômetros de fibra ótica”, declara.LEILÃO DO 5G
A respeito do leilão do 5G, que ampliará a velocidade de conexão e é pano de fundo de uma disputa comercial entre Estados Unidos e China, o ministro afirma que receberá todas as empresas interessadas em entrar no Brasil. Faria afirma que seu trabalho é receber os “players” do mercado, consolidar as informações e repassá-las a Bolsonaro. A decisão final caberá ao presidente. “Vou saber o que eles [empresários] pensam em relação a isso [entrada do 5G], qual expectativa de investimento, vou perguntar sobre a capacidade que eles têm em relação ao prazo, transparência… Vou apurar todas as informações, filtrar e levar ao presidente. Eu sou deputado eleito, mas eu sou ministro do governo e tenho lealdade ao presidente. Esse é um tema que não adianta eu querer puxar para o Ministério das Comunicações, porque esse tema extrapola o ministério. Esse é 1 tema presidencial”, declara.PROJETO DE FAKE NEWS
O ministro das Comunicações declara que seria “precipitado” já aprovar na Câmara o projeto de lei que já passou pelo Senado com o objetivo de combater fake news. Ele afirma que a aprovação ou não dessa pauta cabe à “articulação política”, que é uma tarefa do ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo). No entanto, fala que o texto precisa de mais debate. “Isso é 1 tema de articulação política. Eu não quero me meter em relação à Câmara e ao Senado, mas quero opinar sobre esse assunto. Eu sei mais ou menos como funciona e tem muita injustiça em relação ao que apontam. Por exemplo, falam que existe 1 gabinete do ódio; que as pessoas ali comandam, têm uma voz de comando para denegrir a imagem de uma pessoa e apertam lá 1 botão e tudo funciona no automático. Não procede”, diz, em referência a 1 suposto grupo de assessores do Palácio do Planalto que atuaria estimulando ataques a adversários políticos nas redes sociais. O ministro acrescenta: “A internet são organismos vivos. São largas avenidas que se convergem e divergem. Acredito que, quando você vai fazer 1 projeto em relação a isso, com muito desconhecimento da área, é muito perigoso. Ele tem que ser mais aprofundado. Se eu fosse sugerir: “Pessoal, recolha 1 pouquinho o trem de pouso, aprofundem-se no tema, ampliem os debates, chamem a sociedade, chamem o governo, chamem o Ministério Público, chamem os veículos, escutem o Google, o Facebook…”.ARTICULAÇÃO POLÍTICA
Faria diz que o presidente “precisa ter maioria no Congresso para aprovar as pautas que ele prometeu durante a campanha”. Ele afirma, no entanto, que não houve nenhum ministro escolhido por negociações com partidos. Segundo o titular das Comunicações, os principais cargos da Esplanada dos Ministérios também foram preservados de escolhas partidárias. O ministro declara ter bom relacionamento com Luiz Eduardo Ramos, que é quem de fato tem papel de articulador do governo. O motivo do esclarecimento é que parte da mídia costuma associar Faria à função de articulador informal, por seus 14 anos no Congresso e bom trânsito com deputados e senadores. Faria diz ser apenas 1 “apaziguador”. Diz que às vezes sente haver uma tentativa de “intriga” entre ele e Ramos, mas que não permite que isso prospere. “Falei muito isso com o ministro Ramos, que tem feito 1 trabalho de articulação política, 1 bom trabalho. Tem conversado comigo diariamente. Querem fazer até minha intriga com ele, mas não vão conseguir, porque todo dia falo com ele às 7h da manhã e a gente já desmonta isso. Agora, tem 14 anos que sou deputado –estou licenciado porque sou ministro. Construí relações de amizade. A ministra Tereza Cristina: parlamentar. De muitos mandatos. Rogério Marinho: foi parlamentar por 3 mandatos. Onyx Lorenzoni: parlamentar. O ministro do Turismo, Marcelo, também. Então, é normal. Mas eu não entro na articulação política. Articulação política é o seguinte: “Vamos votar aqui o projeto tal”. Aí negocia emenda, destaque, vê quem vai ser o relator. Isso é 1 trabalho da articulação política. Meu trabalho é: Fernando está chateado com o Fábio, eu sou amigo do Fernando e vou promover ali 1 encontro dos 2 para fazer ali uma DR, lavar a roupa suja. Pronto. Esse é meu papel. É 1 papel de apaziguar a relação. Não entro na seara exclusiva de articulação política”, declara.QUEM É FÁBIO FARIA
Nascido em Natal, no Rio Grande do Norte, Fábio Salustino Mesquita de Faria (conhecido como Fábio Faria), de 42 anos, é ministro das Comunicações no governo do presidente Jair Bolsonaro. É deputado federal há 14 anos. Está licenciado do seu 4º mandato por causa do cargo de ministro. Filiado ao PSD e formado em Administração de Empresas pela Universidade Potiguar (2000). Filho de Robinson Faria, ex-governador do Rio Grande do Norte, Fábio Faria é casado com Patrícia Abravanel, uma das filhas do empresário e apresentador de TV Silvio Santos.PODER EM FOCO
O programa semanal, exibido aos domingos, sempre no fim da noite, é uma parceria editorial entre o Poder360 e o SBT. O quadro reestreou em 6 de outubro, em novo cenário, produzido e exibido diretamente dos estúdios do SBT em Brasília.
Além da transmissão nacional em TV aberta, a atração pode ser vista nas plataformas digitais do SBT Online e no canal do YouTube do Poder360.
Eis os outros entrevistados pelo programa até agora, por ordem cronológica:- Dias Toffoli, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal);
- Rodrigo Maia(DEM-RJ), presidente da Câmara;
- Sergio Moro, ministro da Justiça;
- Augusto Aras, procurador-geral da República;
- Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente do Senado Federal;
- Simone Tebet (MDB-MS), presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado;
- Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente;
- Alberto Balazeiro, procurador-geral do Trabalho;
- Tabata Amaral, deputada federal pelo PDT de SP;
- Randolfe Rodrigues, líder da Oposição no Senado;
- André Luiz de Almeida Mendonça, ministro da Advocacia Geral da União;
- Jair Bolsonaro, presidente da República;
- João Otávio de Noronha, presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
- Gabriel Kanner, presidente do Instituto Brasil 200;
- Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal;
- Paulo Guedes, ministro da Economia;
- Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado;
- Kakay, advogado criminalista;
- Fabio Wajngarten, secretário especial de Comunicação Social da Presidência da República.
- João Doria, governador de São Paulo;
- Marcelo Ramos (PL-AM), deputado federal e presidente da comissão que analisa a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 199 de 2019, que determina prisão depois de condenação em 2ª Instância;
- Flávio Dino (PC do B), governador do Maranhão;
- Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos;
- Luís Roberto Barroso, futuro presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral);
- John Peter Rodgerson, presidente da Azul Linhas Aéreas;
- Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal;
- Ludhmila Hajjar, diretora de Ciência e Inovação da Sociedade Brasileira de Cardiologia;
- Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central;
- Tereza Cristina, ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;
- Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo;
- André Mendonça, ministro da Justiça e Segurança Pública;
- Fernando Haddad, candidato à Presidência pelo PT em 2018;
- Márjori Dulcine, diretora médica da Pfizer;
- Sidney Klajner, presidente do Hospital Israelita Albert Einstein;
- Djamila Ribeiro, filósofa e escritora;
- Paulo Skaf, presidente da Fiesp;
- Contardo Calligaris, psicanalista;
- Carlos Brega, presidente da fabricante de eletrodomésticos Whirlpool América Latina;
- Delfim Netto, economista e ex-ministro da Fazenda e da Agricultura.