Especialistas defendem início do lockdown em Porto Velho para conter casos de Covid-19

05/06/2020 05/06/2020 09:30 120 visualizações
Capital de Rondônia já soma mais de 4,3 mil casos da doença e 139 óbitos. Governo ainda não defende fechar estado com lockdown

Porto Velho ultrapassou a marca dos 4,3 mil casos do novo coronavírus, segundo boletim divulgado na noite de quinta-feira (4) pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). Em 24 horas foram mais de 420 pessoas infectadas pela Covid-19 na capital, um recorde. O número de mortos pela doença chegou a 139.

Diante do crescimento de casos, especialistas ouvidos pela Rede Amazônica defendem a necessidade para medidas mais rígidas de isolamento social.

Para Estevão Rafael Fernandes, professor de Ciências Sociais da Unir, o início imediato de um lockdown pode ser a melhor alternativa das autoridades para conter o avanço da Covid-19.

"Se você para agora, você garante que daqui a duas semanas as pessoas que estão ficando doentes terão leitos de UTI. O problema é você continuar o jogo. Você não pode, tem que ter um tempo para respirar, avaliar as estratégias. A estratégia do governo do estado, hoje, foi razoável graças a adesão [do isolamento] por parte da população. Se uma grande parte da população não tivesse aderido a isso, a situação estaria muito pior".

O infectologista Juan Miguel Villalobos, da Fiocruz Rondônia, aponta que depois Porto Velho atingir a lotação máxima das UTI's, nesta semana, o sinal de alerta máximo foi ligado.

"O momento que tanto que temíamos já chegou. O sistema de saúde está entrando em colapso desde que pacientes vieram a falecer [com Covid-19] em Unidade de Pronto Atendimento (UPA). E esse colapso vai aumentar nos próximos dias se não adotarmos medidas imediatas, como anunciar um lockdown em Porto Velho", acredita.

Pandemia até o fim do ano?

Para o sociólogo Estevão Rafael Fernandes, a pandemia pode se estender por vários longos meses, caso as autoridades do poder executivo não imponham medidas mais rígidas na capital.

"Não tá fácil, mas o problema é que se a gente tivesse implementado medidas e se a gente tiver coragem política/administrativa de adotar medias que são impopulares, essa crise vai demorar menos tempo para passar. Quanto mais você finge que está dando certo, mais tempo você vai estender uma crise, que vai acompanhar a gente até o ano que vem (2021). Infelizmente o coronavírus é uma realidade", afirma.

Governo ainda não defende lockdown

Em entrevista à Rede Amazônica na quarta-feira (3), o governador Marcos Rocha afirmou ser contra o fechamento total por meio de lockdown em Rondônia (reveja a entrevista).

"A gente tem dois grupos em Rondônia: um grupo quer que pare e tem o grupo que não quer a paralisação. Se você fecha o comércio, você vai causar mortes. Vai causar a perda de trabalho e isso vai deixar a pessoa sem condições de se sustentar. Se você não fecha tudo, então também provoca mortes. Se fechar ou não, você tem uma corrente contrária a essa ação. Então aqui no estado eu particularmente sou contra o fechamento. Eu acredito que a regra de distanciamento é a melhor regra que se tem", disse o governador.

"O lockdown não é o momento onde você para e não faz nada. No meu entendimento, o lockdown é botar a saúde da família no circuito, botar as pessoas batendo de porta em porta, conversando com lideranças, e tentar dar capilaridade ao processo", afirma o sociólogo