Segundo a denúncia, pacientes vindos do interior com outras doenças teriam se contaminado dentro do HB. Estado nega contaminação de ala do hospital e falta de EPI
Uma servidora do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, de Porto Velho, que testou positivo para Covid-19, diz que a falta de equipamentos de proteção individuais (EPI) e o não cumprimento de protocolos podem ter levado à contaminação da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital com o novo coronavírus.
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) nega que haja contaminação da UTI do HB ou a falta de EPIs para os profissionais da saúde.
Conforme a servidora, que não quis ser identificada, no final de abril a UTI do HB tinha três pacientes confirmados com Covid-19 e dois deles foram transferidos para a Assistência Médica Intensiva (AMI), na Zona Sul da Capital. A AMI é uma unidade de referência para tratamento de infectados pelo coronavírus.
"A falha maior deles foi não fornecer os EPIs para a gente porque a gente estava sem EPI nenhum, nem N95 a gente tinha. Porque máscara cirúrgica não é EPI para Covid, e é única coisa que a gente tinha. Nem o álcool 70% a gente estava tendo, nem álcool gel".
A servidora disse que os profissionais que atenderam esses três pacientes não utilizaram EPIs e que boa parte deles passou a apresentar sintomas de Covid-19.
"Até os pacientes que estão internos por outros motivos agora suspeitam de ter contraído o vírus pois estão apresentando os mesmos sintomas da doença. Mesmo assim estão recebendo pacientes vindos do interior do estado e os mesmo estão se contaminando também", denunciou.
A servidora, que hoje se recupera, chegou a ficar internada e teve sintomas como tosse, febre, dor de cabeça, dor de garganta. Segundo ela, há uma recusa em fazer os testes em todos os profissionais, por receio do índice de resultados positivos e da falta de profissionais para atender na UTI do Hospital de Base.
Na terça-feira (6), teve alta um morador de Theobroma (RO) que veio para Porto Velho em janeiro para uma consulta com cardiologista na policlínica Oswaldo Cruz, não se sentiu bem e foi internado no João Paulo II, em seguida, encaminhado ao Hospital de Base para uma cirurgia cardíaca. No dia 27 de abril, ele foi transferido para a AMI e passou vários dias em estado grave, após ter testado positivo para Covid-19. Hoje ele está curado.