Bolsonaro exonera Valeixo do comando da PF, e Moro é surpreendido

24/04/2020 24/04/2020 09:43 139 visualizações

Saída de Maurício Valeixo não foi 'a pedido', como consta no Diário Oficial. Ministro ficou indignado e convocou uma entrevista para as 11h, quando deve anunciar demissão, segundo a jornalista Camila Bomfim

O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Leite Valeixo, foi exonerado do cargo. A exoneração ocorreu "a pedido", segundo decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, e publicado no "Diário Oficial da União" desta sexta-feira (24).

Moro, no entanto, foi pego de surpresa pela exoneração - que não ocorreu "a pedido" como diz o Diário Oficial - e ficou indignado. O ministro não assinou a demissão e não esperava que isso ocorresse nesta sexta.

Como o cargo é de livre nomeação do presidente, o ministro não precisaria assinar o despacho. Moro pretende dar uma entrevista nesta sexta às 11h, quando deverá anunciar sua demissão, segundo informou a jornalista Camila Bomfim.

Presidente Jair Bolsonaro demite diretor-geral da Polícia Federal

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 Questionado por apoiadores no fim da tarde de quinta-feira, ao chegar à residência oficial do Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro não respondeu.

Ainda em 2018, quando comunicou a escolha de Sergio Moro para o Ministério da Justiça, Bolsonaro disse que o ministro teria "carta branca" e que não influenciaria sobre qualquer cargo da pasta. (Veja vídeo abaixo)

"Parabéns à Lava Jato. O recado que eu estou dando a vocês é a própria presença do Sergio Moro no Ministério da Justiça, inclusive Coaf [Conselho de Controle de Atividades Financeiras], para combater a corrupção. Ele pegou o Ministério da Justiça, é integralmente dele o ministério, sequer influência minha existe em qualquer cargo lá daquele ministério. E o compromisso que eu tive com ele é carta branca para o combate à corrupção e ao crime organizado", declarou Bolsonaro em 2018.
Bolsonaro:

Bolsonaro: "Moro terá carta branca para o combate à corrupção"

G1 questionou o Palácio do Planalto e o Ministério da Justiça por e-mail, por volta das 6h50 desta sexta-feira, sobre o motivo para a exoneração de Valeixo e a possibilidade de Moro deixar o ministério, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

Por volta das 10h desta sexta-feira, Bolsonaro postou em uma rede social a imagem do trecho do Diário Oficial da União em que aparece o decreto com a exoneração de Valeixo, junto com artigo da lei 13.047, de 2014, sobre a carreira policial federal. No post, Bolsonaro reproduziu trecho da lei que determina que o cargo de diretor-geral da PF deve ser nomeado pelo presidente da República.

“Art. 2º-C. O cargo de Diretor-Geral, NOMEADO PELO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, é privativo de delegado de Polícia Federal integrante da classe especial”, postou Bolsonaro.

Nomes cotados para o cargo

Ainda não foi nomeado um substituto para o comando da PF. Conforme informou a colunista do G1 e da GloboNews Andréia Sadi, Bolsonaro quer o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, para o cargo.

Ramagem foi coordenador de segurança de Bolsonaro na campanha de 2018 e se aproximou dos filhos do presidente. O nome, no entanto, não tem o apoio de Moro.

Também foram cotados os seguintes nomes:

  • Anderson Gustavo Torres, secretário de segurança pública do DF;
  • Fabio Bordignon, diretor-geral do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), que conta com a aprovação e confiança de Moro.
Decreto de exoneração do diretor-geral da PF, Maurício Leite Valeixo, publicado no Diário Oficial da União desta sexta-feira (24) — Foto: Reprodução / Diário Oficial da UniãoDecreto de exoneração do diretor-geral da PF, Maurício Leite Valeixo, publicado no Diário Oficial da União desta sexta-feira (24) — Foto: Reprodução / Diário Oficial da União

Decreto de exoneração do diretor-geral da PF, Maurício Leite Valeixo, publicado no Diário Oficial da União desta sexta-feira (24) — Foto: Reprodução / Diário Oficial da União