Dentro deste entendimento, o autor destas singelas linhas, já poderia então se julgar realizado, pois sou pai de três filhos, plantei não apenas uma única arvore, mas diversas delas, sendo o responsável pelo plantio de todas as arvores que ficam na calçada da sede do Sindicato dos Policiais do ex-Território de Rondônia e também as arvores que circundavam a sede do prédio da Central de Polícia em Porto Velho e que inexplicavelmente foram arrancadas, numa das muitas reformas realizadas no velho prédio.
Obtive, portanto grandes conquistas na minha vida e todas me envaidecem muito, porém abro um parêntese no texto, para falar com relação às árvores do antigo Plantão de Polícia, registrando que carrego comigo uma grande tristeza, pois depois que as plantei, não perdia a oportunidade de sempre visitar aquela repartição policial, apenas para observar o crescimento e o progresso das mesmas, verificando com satisfação que as pequenas mudas, obtidas junto a Prefeitura, já estavam adultas e encontravam frondosas, oferecendo sombra e abrigo, a todos aqueles que trafegavam por ali, até que um dia as encontrei no chão, derrubadas pela falta de sensibilidade de alguns.
Mas voltando ao tema da crônica, além dos filhos e das árvores, completando as três exigências, escrevi um livro biográfico com duzentas páginas, sobre o músico e compositor paraibano Joaquim Pereira, considerado pela critica musical, como um dos maiores compositores de música marcial do nosso país em todos os tempos, cujo trabalho, possibilitou o meu ingresso como musicólogo, na Cadeira nº 6 da Academia Paraibana de Música, bem como o livro denominado ‘Procissão das Pedras’ uma coletânea de mais de 200 artigos escrito ao longo dos anos.
A minha alegria e satisfação poderiam ter parado por ai, pois afinal de contas, havia superado essas três etapas - que dizem completam o ser humano - porém o meu contentamento foi mais além, pois verificando que em todas as solenidades a instituição Policial Civil, se ressentia de um hino para enaltecer os seus valores, bem como levantar o ânimo de seus componentes, fui provocado por alguns colegas e amigos para escrever o hino. Aceitei o desafio e atrevidamente, sem nunca ter escrito um único verso, com as dificuldades próprias dos noviços, incursionei como letrista, elaborando quatro versos, mais o estribilho. Trabalho, em que procurei da melhor maneira possível, enaltecer a instituição, que tive a honra de pertencer por quase três décadas.
Concluída a letra, faltava então compor a melodia, missão inteiramente impossível, para uma pessoa como eu, que não tive na vida a ventura de identificar uma única nota musical, sendo incapaz de executar um simples instrumento musical, como por exemplo, um reco-reco. Porém, depois de muito esforço, com a letra pronta e com melodia na cabeça, procurei o então regente da Banda de Música da Polícia Militar, Tenente Celestino e o seu auxiliar Sargento Neves, tendo ambos com a grandeza e a sensibilidade próprias dos músicos, após ouvir a minha intenção e ouvindo a melodia que precariamente cantei, os dedicados músicos passaram a fazer a partitura e os seus arranjos. Finalmente estava pronto o Hino da Polícia Civil de Rondônia.
Superada a etapa de criação, faltava o ponto principal, o reconhecimento por parte do Governo do Estado, o que se tornou possível, graças o empenho do então Secretário de Segurança Pública Walderedo Paiva, que encaminhou o assunto ao Governador José Bianco, que prontamente através do Decreto nº 8803/99, oficializou a nossa composição, tendo depois disso o Secretario de Segurança Paulo Moraes, publicado uma portaria regulamentando sua execução em todas as solenidades da Policia Civil.
Tenho agora, portanto agora, não apenas três razoes para me sentir realizado, mas quatro grandes motivos, sendo o último deles, exatamente a ventura de ter escrito o hino, em que declaro o meu amor e respeito a esta instituição policial de tantas tradições em nosso Estado de Rondônia.
*Pedro Marinho é ex-Diretor Geral da Polícia Civil.